sábado, 4 de outubro de 2014

Com o avanço constante da internet, novas práticas nomeadas "protestos virtuais" se espalham por todo o mundo de maneira viral. Tetsuya Tsutsui traz sua versão de cyber-terrorismo de uma forma bem inteligente em Prophecy! Confiram na resenha do título!
Prophecy JBC

Maio de 2014. Chega ás bancas um título até então desconhecido por todos, trazido por Cassius Medauar e a Editora JBC. Prophecy, foi publicado na revista Seinen Jump Kai em 2011, e compilados em 3 volumes. A obra é do mangaka habilidoso Tetsuya Tsutsui e traz elementos que conquistaram tanto o público otaku, quanto os aficionados em HQ's e colecionadores do gênero.

Pode parecer um pouco tarde para se falar de Prophecy no Brasil, mas como tive muitas "surpresas" com o final de um outro mangá que desconhecia, o Jogo do Rei, resolvi desta vez acompanhar até o final a saga deste título para tirar a prova dos nove.

O Homem-Jornal anuncia o que vai acontecer amanhã!
O Departamento Anti-crimes Cibernéticos, responsável por caçar criminosos que infringem as leis da internet (pirataria, violação de privacidade, etc) está concluindo mas um caso, quando ficam sabendo de um homem misterioso de apelido "Jornal" chamando atenção em um canal de vídeos na internet. Este homem faz uma ameaça direta, avisando o que iria acontecer no outro dia com uma fábrica processadora de alimentos. A fábrica iria sofrer um incêndio, no modo dele mesmo dizer, "aprender como usar melhor o fogo". Quando a ameaça fica real, fazendo o prédio todo da empresa entrar em chamas, Erika Yoshino, responsável pela equipe de anti-crimes cibernéticos sabe que mais um terrorista está nascendo, começando assim a caça de gato e rato da polícia com o Homem-Jornal.

A inteligência deste terrorista cibernético vai além do entendimento lógico. Todos os seus vídeos postados com ameaças e anúncios de ataques, seguem sendo "upados" em sites diferentes, driblando a polícia de poder rastrear qualquer origem. Com o rosto oculto por uma máscara feita com papel do jornal do dia, ele esconde qualquer tipo de característica usada para identificação. Erika Yoshino e sua equipe descobrem que os vídeos estão sendo gravados de um dos milhares cyber-cafés espalhados pelo Japão. Para poder usar qualquer computador das redes alugadas, um aparelho chamado Tokem é necessário para autenticar o dono e o responsável. O Jornal utiliza de um jeito que este Tokem não pode ser rastreado, impossibilitando a sua descoberta.

O Homem-Jornal se aproveita de Cyber-Cafés (Lan-Houses) para gravar seus vídeos ofensivos
"O Homem-Jornal se aproveita de Cyber-Cafés (Lan-Houses) para gravar seus vídeos ofensivos"
Outro mistério que envolve os ataques do Jornal, é que vários são feitos em momentos distintos, com ações distintas e porte físico diferente, levando a crer que na verdade existem mais de uma pessoa cometendo os crimes. Um fato curioso observado durante o andamento dos capítulos de Prophecy, foi narrado por um ajudante de Erika. Essa misteriosa equipe comete os crimes, para fazer um tipo de "julgamento com as próprias mãos", deixando todos que acessam a internet, ficarem cientes que a punição a certa pessoa aconteceu, e que a injustiça foi reivindicada. Todas as vítimas de alguma forma tinha prejudicado alguém ou feito algum ato ilícito no passado.

O grande "badass" que o mangá tem com certeza é a vontade dos rivais se encontrarem. Do mesmo jeito que Light e Yagami tinham conhecimento um do outro, mas só podiam agir diante de um flagrante, Erika Yoshino, agente do Departamento Anticrimes Cibernéticos sabia todas as informações do terrorista. Como ele se revela, como ele fala, o jeito que faz suas punições, os sites que posta os vídeos, e o local que faz as gravações. Mas impossibilitada de poder fazer a prisão em flagrante, tudo o que tem a fazer muitas vezes é observar e esperar toda a ação acontecer. E o mistério por trás dos motivos do Jornal? Isso eu não posso contar, mas posso confirmar que são motivos humanos. Motivos que fazem com que você se divida e certo capítulo torça para que ele fuja e faça o que tem que fazer, e logo em seguida torcer para a polícia fechar o cerco e ver no que vai dar. Essa divisão de herói/anti-herói é muito boa de se ler e muito bem aproveitada no mangá.

O traço de Tetsuya Tsutsui é muito leve e detalhista. A impressão que tem é que ele desenhou todos os quadros a lápis, depois arte-finalizou com a caneta nanquim mais fina que existe. Ao primeiro momento parece um desenho pouco construtivo, mas ao aprofundar com os personagens e enredo, os quadros vão se revelando em cada página grandes cenas de cinema. Alguns Flashbacks são mostrados de forma uniforme aos acontecimentos atuais, algo que não gostei, porque o leitor pode se perder e não associar o que é passado ou presente.
Página dupla de Prophecy
Foto da Edição Brasileira - Editora JBC (Clique para ampliar)
As 3 edições que a JBC trouxe de Prophecy tem acima de 200 páginas, o que já é um baita chamariz para a banca. As capas remetem as cores Amarelo, Rosa e Cinza de uma maneira bem construída e o nome original da obra, Yokokuhan, fica em cima do título Prophecy mostrando um respeito a tradicionalistas. Apesar da gigante informação logo abaixo informando que a série de mangá é a "1 de 3", ela não chama tanta atenção quanto aparenta. A contra-capa tem um ótimo trabalho de arte colorido e todas as imagens são muito bem apresentadas. Existe um glossário bem detalhado dos termos utilizados no mangá que ajuda bastante quem não curte muito o mundo da internet.

Edward Kondo, que traduziu o material, fez um trabalho digno de um ninja! Vários termos utilizados em apenas uma única parte do Japão foram escritos nos diálogos e ele trouxe tudo certinho para nossa língua, não deixando passar nada, inclusive os termos de internet presentes no título. Por falar, no final do volume 3, há uma nota pessoal de duas páginas escritas por ele mesmo, dizendo da dificuldade de traduzir determinados "termos" de uma língua para outra língua.

"...Traduzir é como desbravar novas culturas, novos costumes, novas formas de se pensar..."
- Edward Kondo (Prophecy vol 3)

"Prophecy conseguiu atingir um público fora do mundo dos mangás, mostrando o quão inteligente, diferente e atual um quadrinho pode ser."
- Cassius Medauar (Prophecy vol 3)

Cassius Medauar disse tudo. Prophecy conseguiu trazer fãs de quadrinhos americanos para o mundo dos mangás. Pelo menos 3 amigos que conheço tinham preconceito com os mangás, e após lerem Prophecy, tiveram uma outra ideia do tamanho de possibilidades que um mangá pode trazer.

Prophecy # 1
Tetsuya Tsutsui
Tamanho: 13,5cm x 20,5cm
R$13,90
Aproximadamente 220 páginas

ISBN 978-85-7787-857-4
Maio de 2014 - Editora JBC
Arte - Denis C.Y. Takata
Tradução - Edward Kondo



Avaliação Geral
EXCELENTE - ÓTIMO - BOM - REGULAR - RUIM



Renato Urameshi Renato Urameshi 
Escreve sobre anime e mangá desde os tempos de clube por cartas. Leitor nostálgico da Animax e derivadas, gosta de discutir assuntos polêmicos e de fundo jornalistico | Google +

1 comentários:

  1. Prophecy foi uma grata surpresa. Que venham mais mangás deste gênero!

    gotasdexp.blogspot.com

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário sobre a leitura acima! Críticas educadas serão bem vindas!

Que bom que você veio! Obrigado pela visita!
Textos Originais. Leitura Inteligente.
Leitura Oriental (2014) Fan-site sem fins lucrativos.
Que cria conteúdo para fãs, ou apenas reproduz oque está na internet mundial. Links de sites de terceiro não são considerados reproduções nossas, e são de inteira responsabilidade do site que o link acessa.

Links Externos