sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Satoshi Mizukami, "o mangaká injustiçado do Japão" desenhou a bela obra Hoshi no Samidare. Seres de outro planeta invadindo a terra para uma grande batalha, e o único homem capaz de salvar a coisa toda é quem menos se importa com ela!

Em junho de 2014, a Editora JBC trouxe para as bancas brasileiras e lojas especializadas o mangá Hoshi no Samidare. Obra principal de Satoshi Mizukami, concluída no Japão em 10 volumes pela editora japonesa Shonengahosha. A obra foi intitulada "injustiçada" por ter finalizado com um enredo marcante e único e não ter nenhuma adaptação para o anime. Em mãos da primeira edição brasileira, adaptada para o nome Lúcifer e o Martelo, cá estou para avaliar e comentar o porque de tanto sucesso e críticas positivas em cima desse Seinen.

A Fábula do Cavaleiro de Largato e a Lúcifer de saias.
A história do mangá começa sem nenhuma enrolação. Yuuhi Amamiya nos narra sua própria história, do dia em que apareceu um lagarto falante em seu quarto. Ele olhou para Amamiya e disse que era o Lorde Noi Crescent, um servo mágico que tem a missão de salvar a princesa do planeta dele contra o Feiticeiro Maligno. Ele pede a ajuda de Yuuhi para tal ato nobre. E Yuuhi, claro que... NÃO ACEITA, jogando o lagarto pela janela. Após alguns segundos, quando se vira para trás, vê que o lagarto misteriosamente reapareceu em seu quarto. Noi insiste que Yuuhi é o escolhido, e será um cavaleiro protetor da princesa.
Yuuhi se vê completamente ligado com esse lagarto e mesmo saindo de casa, Noi aparece grudado em seu ombro, o criticando por não aceitar tal ato nobre. Noi continua dizendo que a terra está em perigo e ele precisará unir forças contra companheiros que também tem as mesmas funções. Yuuhi continua negando o pedido, dizendo que não está nem aí para o planeta terra. Até que um monstro enorme surge diante de Noi e Yuuhi, um boneco de barro criado pelo feiticeiro. Yuuhi mesmo tentando ataca-lo com um anel mágico que surgiu em seu dedo, já que agora ele tem poderes mágicos, não dá certo. Antes que o boneco de barro possa mata-lo, surge uma menina que desfere um belo soco de direita e destrói o monstro em um único golpe. Amamiya finalmente descobre a identidade da tal princesa em que Noi falava. Samidare Asahina é o nome da princesa a ser protegida, e nada mais é que sua vizinha! A partir daí a confusão já estaria armada.

O grande Biscuit Hammer - O martelo esmagadores de planetas
"O grande Biscuit Hammer - O martelo esmagadores de planetas"

Continuando com a ideia de que heróis sempre se ferram quando aceitam ser um guerreiro ou o próprio herói, Yuuhi Amamiya continua dizendo que não vai ajudar nem um pouco Noi e Samidare a lutarem contra o Feiticeiro Maligno. Samidare então leva Yuuhi para o terraço e pede para ele deixe ela mostrar o porque precisará dele para ser o "Cavaleiro de Largato". Samidare aponta para o alto e pede para que Yuuhi acredite e queira ver para oque está lá se revelar diante de seus olhos. Yuuhi olha para o céu e se depara com a enorme sombra de um Martelo, conhecido por Samidare como Biscuit Hammer. Este Martelo Colossal é o maior boneco de barro criado pelo Feiticeiro, e paira no espaço a fim de esmigalhar o planeta como se fosse um biscoito frágil (daí o nome "biscuit"). Samidare então quer que Yuuhi jure obediência e lealdade incondicional para ela poder, junto com ele e outros cavaleiros escolhidos, poderem se unir e derrotarem o Feiticeiro, destruindo de vez o martelo. Após mais algumas páginas, Samidare completa que quer impedir a destruição do planeta terra, para que ela mesma possa destruí-lo! Yuuhi, então muda completamente sua reação e resolve escutá-la e segui-la, já que odeia o planeta em que vive e acha a ideia magnífica. A partir daí Yuuhi Amamiya se torna o Cavaleiro Lagarto da princesa Samidare, que mais se parece uma "Lúcifer de Saias", trazendo salvação e destruição no mesmo objetivo.

Juntando um enredo já conhecido nos Shonens, com uma história um pouco fora do normal, piadas adultas dignas de uma comédia Seinen, Lúcifer e o Martelo faz você viajar em um estranho tipo de Déjà vu defeituoso. Acho que Satoshi Mizukami quis fazer exatamente isso com sua obra. Fazer você abrir a primeira página do mangá pensando que iriam ter belos discursos sobre heroísmo, quando oque você realmente encontra é um garoto que não esta afim de lutar. O largato Noi parece um mascote que no futuro se tornará algo maior e com muitos poderes, quando ele mesmo diz que é só um largato. Uma princesa que quer salvar a terra de um gigantesco martelo, para logo em seguida, destruí-la. O vai-em-vem destas informações fez eu terminar o primeiro volume perdido, sem poder apostar no futuro da obra. Satoshi Mizukami fez com que, eu lê-se a história dele sem saber se vai acabar bem, se vai ter um final feliz. O traço, bem simples, inicialmente parece a de um amador, mas progressivamente, percebe-se que ele capricha e desenha cenas perfeitas quando precisa e na hora certa, ganhando mais credibilidade para futuras edições. E não é que eu acertei? Já estou com a segunda edição por aqui, e até onde eu li, pode-se perceber um aumento de praticamente 100% na qualidade e detalhamento de cenários e personagens, dando mais vida e afeição para colecionar os outros oito volumes.

Uma das páginas de Lúcifer e o Martelo
Foto da Edição Brasileira - Editora JBC (Clique para ampliar)
A editora JBC pecou um pouco na produção. Apesar do material ter páginas coloridas, um papel bem clarinho, mais de 200 páginas e edição top como sempre, teve uma capa um tanto quanto "simples" no quesito "Qualidade Cassius Medauar". Existe uma faixa verde clara em cima do título "Série completa em 10 edições". A ideia que se faz é que não estavam confiando na credibilidade da obra, chamando leitores a comprar só porque tem poucas edições. Achei que o título ficou um pouco estranho, com o enorme "Lúcifer" em amarelo. Se a tradução de Hoshi No Samidare para este novo título era atrair leitores, acabou espantando-os.

Palavras do autor estão traduzidas nos dois volumes, com um bônus de uma nota de Mizukami especialmente para nós brasileiros. Luiz Kobayashi é quem traduziu o material. Não tenho o original aqui para confirmar se foi o autor ou o tradutor da JBC, mas em algumas páginas há um tipo de dialogo seco e sem sentido com a próxima págna que acaba com todo o clima que envolve a trama, dando a impressão que o mangaká deu uma pausa para escrever os capítulos, se perdendo no próprio enredo. Entretanto depois de ver esses pontos negativos, mesmo assim a história como disse é forte e te chama a atenção pela surpresa de ações inesperadas e engraçadas. A cada página os personagens aproveitam toda a cena, em vez de se prender só no objetivo principal, te afastando do mangá, e logo em seguida te trazendo de volta ao universo do Biscuit Hammer. Espero que tenham gostado de mais esta resenha, e até um próximo título.

Lúcifer e o Martelo # 1
Satoshi Mizukami
Tamanho: 13,5x20,5 cm
R$13,90
Aproximadamente 212 páginas

ISBN 978-85-7787-858-1
Junho de 2014 - Editora JBC
Arte - Denis C.Y. Takata
Tradução - Luiz Kobayashi


Avaliação Geral
EXCELENTE - ÓTIMO - BOM - REGULAR - RUIM



Renato Urameshi Renato Urameshi 
Escreve sobre anime e mangá desde os tempos de clube por cartas. Leitor nostálgico da Animax e derivadas, gosta de discutir assuntos polêmicos e de fundo jornalistico | Google +

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