terça-feira, 8 de julho de 2014

Começando nossas matérias especiais sobre editoras com um dos carros chefes do que seria o mercado atual de mangás aqui no Brasil. A editora que chegou praticamente como um susto para os otakus, acabou conquistando espaço e iniciando a verdadeira febre de quadrinhos nipônicos no país.

No meio de revistas especializadas em anime e mangá na época de 1997, uma revista chamada MadeInJapan apoiando fortemente a cultura japonesa nascia. Encabeçada por um projeto que vinha lá do Japão, enquanto as editoras fantasiavam as séries animadas japonesas que passavam no Brasil, os otakus na época sonhavam com um dia poderem aprender um pouco de japonês para poder pelo menos comprar um mangá importado para poder ler sua história preferida, que acompanhava nas resenhas de revistas que adquiria com o jornaleiro. A editora JBC (Japan Brazil Communication) acreditou e resolveu apostar.

Cronologia do sucesso - Venceremos a Conrad?
Antes mesmo de começarem as pesquisas de quais mangás seriam lançados, chegou aos ouvidos que a editora Conrad, que era conhecida por publicar a melhor revista no gênero de quadrinhos, a Herói, teria licenciado os primeiros mangás com leitura oriental no país. A JBC então se mechia para trazer algo a mais para quem surtava com os lançamentos da Conrad. Indo de contra o vento brasileiro da Conrad, a JBC resolveu editar os títulos em formato original japonês, o modesto tamanho meio-tanko, que batia de frente com o "formatinho" Conrad, sendo menor que a concorrência, porém mais parecido com os do Japão.


2001 - Hora de mostrar oque é mangá
Em maio começa a impressão dos dois primeiros títulos que dividiriam espaço nas prateleiras com os sucessos da Conrad. O primeiro Shoujo publicado no Brasil, Sakura Card Captors e Samurai X chegavam com papel reciclado claro, aproximadamente 100 páginas e tamanho de tankōhon. Os títulos venderam abundantemente e rapidamente, 2 meses depois a correria pelas traduções é feita em mais dois títulos, o ecchi Video Girl Ai, e mais um Shoujo, Guerreiras Mágicas de Rayearth entram naquele que completaria o "Quarteto Fantástico da JBC". Em novembro do mesmo ano a primeira edição de Sakura já se tornava edição rara de colecionador, pelo alto volume de vendas.

2002 - Despedidas e apostas cegas
Sakura estava se despedindo das bancas, e a JBC precisava de mais um boom editorial para suprir as vendas que conquistaram no ano anterior. Mais um sucesso que só se via em revistas na época, Love Hina deu espaço á fãs carentes de comédias românticas. Eles decidiram arriscar mais um pouco e Inu Yasha veio pelo que seria o sucesso ou fracasso da empresa, já que com o formato de meio-tanko, Inu Yasha ficaria 112 edições nas bancas e demoraria 7 anos para ser concluído. As primeiras edições venderam bem e assim A Princesa e o Cavaleiro, e Yu Yu Hakushô chegariam logo depois para agarrar a idéia de que mangá é a língua deles. O título de Osamu Tezuka não vendeu o esperado, e então a JBC virou a mesa e antes que o ano acabasse, após Yu Yu, lançou a saga Star Wars em mangá. O título estelar porém não vendeu bem, e foi o primeiro fracasso da editora.

2003 - É hora de mudar
Resolveram então retomar as idéias originais. Adotaram o mangá Gunm que havia sido publicado ilegalmente aqui no país por outra editora, e lançaram dentro do evento Animecon a febre Shaman King. Apesar do barulho ter sido bom, a JBC precisava estabilizar novamente o sucesso que Sakura, Yu Yu e Samurai X marcaram na época. A aposta seria acreditar no autor e não na obra. Chobits, então foi a singela aposta em agosto. Uma pequena apelão para o quase-hentai foi feito com Love Junkies em novembro. Chobits alegrou muitos, e a JBC resolveu então arriscar mais uma vez com algo até então só visto em livrarias. Trazia em Dezembro a obra máxima do Clamp na época, X marcando o primeiro título publicado nas bancas em formato 100% Tankohon, com 196 páginas. O formato agradou muito os leitores e a JBC ganhou mais espaço e confiança.

2004 e 2005 - Mudanças Bruscas podem custar caro
Em excessão á Cowboy Beepop, todos os 8 lançamentos de 2004 e 2005 foram em tankohons. Enquanto a Conrad tinha Cavaleiros, JBC trouxe B't X. Mas o comentário mesmo do ano seria Tokyo Babylon, um dos mangás mais polêmicos do Clamp por se tratar de uma história Shoujo, com cenas Yaoi.

2006 - Vacas magras
Acreditando mais uma vez que o autor talvez desse influencia, a JBC resolveu finalizar pontas soltas e trouxeram Negima do mesmo autor de Love Hina, e xxxHolic e Tsubasa, do Clamp que vendeu consideravelmente bem. El Hazard e .Hack// chegariam em agosto, mas o destaque mesmo foi Yu-Gi-Oh! que marcou época pelo anime estar sendo exibido na TV.

2007 - Arriscar sempre. Desistir Jamais
FullMetalAlchemist, Samurai Girl, Saint Seiya Lost Canvas e Socrates in Love foram os lançamentos. Mas foi mesmo em Junho que a editora retornaria ao seus dias de Glória. De um lado, um ódio entre dois caçadores inteligentes em Death Note, e do outro um amor proibido no Yaoi Gravitation. Dois títulos polêmicos que acabaram por levar a JBC ao seu mérito. Mangá realmente era a língua deles.


2008 e 2009 - No conforto que aparecem as mudanças!
Entre os dois anos que se seguiam, 11 títulos entre Shoujos e Shones consagrados foram publicados. Desde histórias mais fortes entre meninas como Utena, até Ecchis consagrados como DNA² entraram no catalogo da empresa.

2010 e 2011 - Abraçando obras abandonadas pelos rivais
26 títulos foram lançados nestes dois anos. Entre eles podemos destacar o abraço forte que fizeram com Evangelion. O mangá havia sido abandonado pela rival Conrad, e a JBC resolveu adotar o título e publica-lo novamente em sua qualidade. No final de 2010 Fairy Tail também chegaria para encabeçar os mangás-vicio da empresa.

2012 - Mudanças e Renovações
Cassius Medauar assume a liderança dos projetos no lugar de Marcelo Del Greco. É dado uma nova cara a editora, quando eles anunciam que títulos antigos em meio-tanko poderão voltar as bancas em tankohons completos. Após abraçar mais um título da Conrad, Saint Seiya, eles republicam aquele que foi o Shoujo que mais vendeu no Brasil até hoje. Sakura CardCaptors, em seguida Rurouni Kenshin também seria restaurado.

2013 - Um título por mês!
Prometendo lançar um título novo por mês, a JBC se torna a editora que mais pensa em seu leitor, fazendo até vlogs para anunciar os lançamentos. Love Hina e Guerreiras Mágicas de Rayearth seriam os títulos republicados do ano. Meses antes em Janeiro e Fevereiro, chega as bancas Diário do Futuro e Another. Os dois títulos estouraram nas vendas de banca e a editora volta ao seu auge, mesmo não tendo sucessos de venda como Naruto e Bleach. Era hora de arriscar e inovar mais uma vez, com Death Note Black Edition, a primeira publicação em edição de Luxo completada no Brasil, e também Super Onze em formato revistinha (50 páginas) .

2014 - Pelos poderes da Lua!
Após 10 anos de negociação, o mangá Sailor Moon finalmente recebe a autorização da autora para ser publicado no país. O mangá entra para os 10 livros mais vendidos da Livraria Saraiva em Abril. Após pedidos incansáveis dos fãs pelas redes sociais, Yu Yu Hakushô também é anunciado como a republicação em Tankohon do ano.

Competência e inovação é oque a JBC tem nos mostrado durante esses 13 anos de publicações no Brasil. Apesar de não quererem mais arriscar com títulos longos, a empresa se mostra segura e sempre pensa bem e pesquisa o título para ser lançado aqui, tentando agradar da melhor forma possível o leitor.

Espero que tenham gostado dessa pequena cronologia da história da JBC e nos acompanhe em outras matérias sobre as editoras brasileiras e suas marcas registradas nas bancas de jornal, lojas, e claro, nas nossas prateleiras.

Não deixe de ler também sobre artigos sobre outra editora:
- Conrad, uma caso de amor e ódio
Editora Panini - A Shonen Jump Brasileira!



Renato Urameshi Renato Urameshi 
Escreve sobre anime e mangá desde os tempos de clube por cartas. Leitor nostálgico da Animax e derivadas, gosta de discutir assuntos polêmicos e de fundo jornalistico | Google +

3 comentários:

  1. Gostei muito desse texto. Espero que façam sobre outras editoras! parabens pelo site.

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  2. Ótima matéria, apesar de não ter listado todos os mangás da editora. A JBC é a a mistura da panini com a new pop, boa qualidade com preço acessível ahsuahushauhsuash

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    Respostas
    1. Olá Jiban, obrigado pelo comentário :)

      Não citei todos os mangás porque senão o artigo iria ficar muito longo, e o objetivo foi contar mesmo os principais eventos da editora.

      Já estou terminando textos sobre a Nova Sampa e a Conrad! Obrigado pela visita!

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