segunda-feira, 21 de julho de 2014

De Heroína a Vilã. É oque pode se falar da trajetória de uma Editora que passou extrema confiança aos leitores e fãs de mangás com muita qualidade em seus títulos e decaiu horrorizantemente como a pior editora para se acompanhar publicações brasileiras. Como isso aconteceu? Nós contaremos!
"Do Sucesso ao Fracasso: Conrad - Um caso de amor e ódio"
"Do Sucesso ao Fracasso: Conrad - Um caso de amor e ódio"
Em 1994, Cavaleiros do Zodíaco estourava de audiência e críticas positivas. Todo o material que era lançado encima da série virava Best-seller entre as crianças e adolescentes. E a revista Herói, lançada pela editora Acme em parceria com a Nova Sampa, não podia ficar para trás. Com a colaboração dos textos de Marcelo Del Greco e Alexandre Nagado, a revista Herói despontou nas bancas sendo considerada a mais vendida no gênero séries-cinema, e até hoje nenhuma linha de revistas informativas conseguiu bater seus recordes em popularidade e vendas. Acompanhe um trecho da entrevista que Rogério de Campos, diretor principal da editora na época, deu ao site do SESC sobre a revista herói:

"A gente já estava com a corda no pescoço, cheio de dívidas, quando lançamos a Herói, uma revista simples e absolutamente sem pretensão. E vendeu barbaridades. A revista começou bimestral, passou para mensal, depois quinzenal, semanal e chegamos a fazer duas por semana. Vendíamos um milhão de exemplares por semana. Foi a revista mais vendida do Brasil durante um tempo." - Rogério de Campos

1999 - Uma Herói de Brinquedo
E o sucesso com certeza era pelo menos 80% feito pelas matérias de Animes e Tokusatsus que a revista trazia. A Acme sabia que se conseguisse trazer toda a magia que Cavaleiros representava das TVs para as bancas, poderia fazer história dentro do mercado editorial de quadrinhos nacionais. A editora se despedia de seu antigo nome, e a Acme se remodelou para Editora Conrad. Em 1999 depois de algumas pequenas negociações, um mangá que mais parecia um livro, Gen - Pés Descalços chegaria ás livrarias. E em 2000 finalmente, o sonho de todos os otakus da época se tornaria realidade...


2000 - PARE! Você esta lendo o seu mangá pelo lado errado!
Após uma publicidade gigantesca em eventos e revistas, em novembro de 2000, sai os primeiros mangás em bancas nacionais. Como o medo de rejeição do estilo era um fato, o formato de Meio-Tanko e tamanho de formatinho (tamanho médio de gibis no Brasil) foi adotado. A leitura oriental foi mantida. Para não confundir os leigos, foi colocado páginas de avisos no começo e no final para instruir o leitor a ler o título ao contrário da leitura nacional. Entraria então em bancas Cavaleiros do Zodíaco, e o sucesso atual de TV na época,  o viciante Dragon Ball. O medo passou para festa. Antes que acabasse o ano, Dragon Ball bateu recordes de venda em bancas e livrarias, com mais de 100.000 exemplares vendidos em todo o país, informados pela própria distribuidora, a Dinap.

2001 - Musashi Vs. Rurouni
Em maio, enquanto a JBC também entrava no mercado editorial nacional de mangás, a Conrad lançava mais um título em livrarias, Preto e Branco. A audiência das aventuras do Goku em quadrinhos só aumentava, e em agosto a Conrad resolveu se antecipar e lançar Dragon Ball Z, título modificado de alguns volumes de Dragon Ball, para poder chamar mais atenção devido o sucesso do anime. Em novembro chegaria também o prestigiado Evangelion, e Vagabond. Vagabond apesar de caro vendeu bem e recebeu ótimos elogios tanto pela qualidade de arte do mangaká como qualidade gráfica.


2002 - As meninas do chapeú de palha
Vendo o sucesso que a JBC conseguiu com Shoujo, a Conrad traz para o Brasil em fevereiro de 2002 Fushigi Yūgi. No mesmo mês também chegaria aquele que conseguiria bater as vendas de Cavaleiros. One Piece foi lançado e logo no próximo mês a Dinap já anunciaria que as primeiras edições de Ruffy estariam esgotadas. Ainda no mesmo ano, a editora traria mais conteúdo do mesmo autor de Dragon Ball, com Dr. Slump, e um volume com lições e ensinamentos de Akira Toriyama.

2003... 2004... 2005 - Andando em círculos?
No ano de 2003, lançando apenas dois títulos para livrarias (Gon e Ozamu Tezuka, Uma Biografia Mangá), a Conrad não consegue sair da rotina, e deixa o barco andar com as publicações atuais. Após vários licenciamentos com editoras japonesas fracassarem, em 2004 a linha editorial da empresa resolve rever algumas pontas soltas. Lançam uma revisão do mangá de Cavaleiros, agora com título original (Saint Seiya), e algumas sequências da história na mão de outros desenhistas (Episódio GGigantomachia). Um pouco antes disso, para cortar custos para o preço diminuir e tentar ser atrativo, chega Blade - A Lâmina do Imortal. Leitores e fãs alavancam críticas á obra, já que o material feito para Blade praticamente se espelhou ao ridículo com um papel jornal pouco acabado e uma capa menor que suas páginas internas. A editora pai do mangá no Brasil tenta se redimir laçando mais continuações de obras já lançadas, e até traz as edições de luxo de Vagabond e Dragon Ball em 2005. Tarde demais. A partir daí o império da editora pioneira já se enfraquecia, mas ainda era de confiança. Todos compravam mangás de olhos fechados, já que a qualidade gráfica, mesmo tendo já alguns títulos com exceções em folha reciclada, beirava a perfeição.


2006 - A morte dos 42 alunos
18 volumes de mangá, entre formatos tankobon e livraria foram lançados. De todos estes títulos somente um vendeu bem. Estamos falando do inicio dos realitys da morte no Brasil que acarretaria mais tarde a vinda de mais mangás em outras editoras. Battle Royale chegou as bancas com aquela perfeita qualidade de sempre, e agradou a muitos. Os outros 17 títulos, entre Nausicaã e Sanctuary, Monster também fez um bom papel nas bancas. Mas como os leitores não podiam comprar todos os títulos que saiam, já que as concorrentes também tinham mangás de qualidade, os títulos nos mesmos meses de lançamentos ja se engavetavam em feiras de descontos. A Conrad percebeu que tinha dado um tiro no pé por querer vender tudo que lançava, ou mais, querer que o leitor comprasse tudo que se lançaria.

2007 - Conrad versus o caderno da morte
Em junho de 2007 chega Kajika e Zettai Kareshi da autora de Fushigi Yūgi nas bancas. Mas com o furacão Death Note e Gravitation da JBC fizeram no mesmo mês, os títulos Conrad foram esquecidos nas bancas. A editora Conrad teria que se adaptar e rever suas negociações.


2008 - Os Japoneses também desistiram da Conrad
Após vários fracassos de licenciamentos, somente títulos alternativos como OoruDelivery Service of Corpse puderam vir as bancas. Como os novos títulos não vendiam, também não dava para trazer mais novidades e nem bancar as atuais publicações. Em Novembro de 2008 a Conrad discretamente começou a paralisar algumas publicações em andamento. Apenas One Piece e Dragon Ball seguiram vagarosamente.

2009 - Ibep chegou, a festa acabou
O grupo Ibep-Nacional compra a empresa Conrad. A partir daí o que estava ruim ficou pior. Das 6 publicações de mangás, 5 eram na verdade manhwas (mangás coreanos). As publicações paralisadas foram canceladas pela equipe interna, mas sempre quando a impressa perguntavam, eles diziam que estava em negociação.


2011 - Piratas de Namekusei Descalços
Após 1 ano longe das bancas, a Conrad-Ibep anuncia o cancelamento de Dragon Ball Definitivo e One Piece. Para mascarar a fama de "vilã" imposta pela Ibep, o título Gen - Pés Descalços é relançado. Com outras editoras investindo fortemente em obras bem famosas, a editora que foi o estopim para os mangás virem ao Brasil, ficou a ver navios, junto com Ruffy e Goku.

Apesar do fim doloroso que a Conrad teve nos mangás, não podemos negar nunca. Os mais de 50 títulos que a empresa traduziu e publicou, a maioria foram sempre com uma qualidade digna de luxo. Até hoje edições antigas de 2000 estão bem guardadas com colecionadores e sem nenhuma perda de qualidade de impressão. Ao contrário de edições mais novas, como Blade, que se desfarelaram pelo mal acabamento. 

Conrad foi realmente, um caso de amor e ódio entre o leitor brasileiro.

Não deixe também de ler sobre nosso artigo sobre as outras editoras:


Fontes
http://www.sescsp.org.br/online/artigo/7704_ROGERIO+DE+CAMPOS#/tagcloud=lista
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conrad_Editora
http://www.genkidama.com.br/gyabbo/2011/05/06/a-volta-da-editora-conrad-esperanca-ou-ilusao/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revista_Herói



Renato Urameshi Renato Urameshi 
Escreve sobre anime e mangá desde os tempos de clube por cartas. Leitor nostálgico da Animax e derivadas, gosta de discutir assuntos polêmicos e de fundo jornalistico | Google +

6 comentários:

  1. Amor e Ódio mesmo...
    Amei vários mangás e livros publicados pela editora... Mas nunca mais eu comprei mangás com muitos volumes. Foi um trauma que a Conrad colocou em mim. Tenho algumas coleções incompletas da Conrad aqui em casa. E agora só compro mangás depois que eles são finalizados. #trauma

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  2. Várias publicações da "Conraiva" eu comprei e me decepcionei com sua periodicidade e cancelamentos. Vagabond edição de luxo foi uma delas... A Nova Sampa ta relançando mas não é a mesma coisa.

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  3. mto bom o txt. Conrad era bom depois virou um LIXO!

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  4. Fica com Deus Conrad... comprei tudo que você lançou... torci até o último instante... mas, quando você decretou o fim de One Piece e Nausica faltando só 1 volume... pra mim, morreu.

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  5. Ah, sinceramente?
    Conrad era fanboy demais!
    Fanboy de DB, Pokémon, até de Sakura Card Captor.
    Pra não dizer de Cavaleiros!
    Você não comentou, mas a Conrad rachou duas vezes e quando isso aconteceu já era caixão pra ela.
    Porque tu acha que o Cassius (atual JBC) saiu da Conrad?
    Pois é, Ego é uma porcaria.
    Enfim...
    Faltou comentar que a Conrad, enquanto editora, publicou outras coisas que não mangás, como as Revistas Pokémon Club, com autorização da Nintendo, Clube Sakura, que falava sobre Sakura Card Captors e revistas de videogame.
    Ah, teve também um mangá de Pokémon publicado, o "As Aventuras Elétricas de Pikachu" (Dengeki Pikachu no original) mas só durou 4 números, pena, eu gostava dele. ;(

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    1. Ñ acho q a conrad era tão fanboy assim.

      Eles traziam muitos títulos diferentes para públicos diferentes. Se não fosse BRoyale, diario do futuro nunca vingaria na JBC.

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